Cerco a Damasco: veja cronologia da ofensiva de rebeldes para derrubar Assad na Síria
Levante começou em Aleppo, no norte, e em apenas 10 dias pôs em xeque regime que está há 24 anos no poder. Rebeldes, em veículos militares, lançaram uma o...
Levante começou em Aleppo, no norte, e em apenas 10 dias pôs em xeque regime que está há 24 anos no poder. Rebeldes, em veículos militares, lançaram uma ofensiva contra o governo da Síria Reuters Neste domingo (8), forças rebeldes que combatem o governo de Bashar al-Assad na Síria anunciaram que o ditador deixou a capital Damasco e que seu destino é desconhecido. A tomada de Damasco, caso se confirme, consolida uma ofensiva surpreendente que, em apenas 10 dias, pôs em xeque o regime que dura 24 anos. O levante começou no fim de novembro com a tomada de Aleppo, importante cidade no norte do país. Os rebeldes avançaram rapidamente durante a semana, sem muita resistência do Exército sírio. Entre sexta (5) e sábado (6), conquistaram Homs e chegaram aos arredores da capital. As forças rebeldes são lideradas pelo movimento extremista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ou Organização para a Libertação do Levante, que surgiu como uma filial da Al Qaeda, grupo terrorista por trás dos atentados do 11 de Setembro. O líder do grupo, Abu Mohammed al-Golani, disse ao jornal americano "The New York Times" que o objetivo do movimento é libertar a Síria do "regime opressivo" de Assad. Veja, abaixo, como os rebeldes avançaram até Damasco: Veja a cronologia do avanço rebelde na Síria Infográfico/g1 27 e 28 de novembro - Aleppo sob ataque No final de novembro, o mundo começou a acompanhar mais de perto as primeiras ofensivas de grupos armados rebeldes contra a cidade de Aleppo, que é a segunda maior cidade da Síria e tem pouco mais de 2 milhões de habitantes. O HTS, que já controlava parte do noroeste do país, violou um acordo para diminuir as agressões. Segundo militares sírios ouvidos na época, tudo indicava uma série de ataques em cidades e bases militares. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp No dia 28 de novembro, as forças opositoras ao regime sírio publicaram em redes sociais que tomaram o controle de mais de 15 cidades. Na ação, foram tomados equipamentos do Exército e militares foram feitos reféns, segundo os rebeldes. Veja como foi esse ataque. O balanço registrou 182 combatentes mortos, incluindo 102 da HTS, 19 de facções aliadas e 61 das forças do regime e grupos aliados, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). 29 e 30 de novembro - Rodovias fechadas e voos cancelados As autoridades da Síria fecharam rodovias e cancelaram todos os voos no aeroporto de Aleppo na madrugada de sábado (30), pelo horário local — noite de sexta-feira (29), no Brasil. Por conta da ofensiva rebelde, o Exército autorizou apenas a passagem de tropas militares. Além disso, os soldados foram orientados a fazer uma "retirada segura" de bairros onde os rebeldes já invadiram. Nesta etapa da ofensiva, um comandante de uma das brigadas rebeldes afirmou que o avanço rápido pelas cidades sírias foi facilitado pela falta de apoio do Irã no país. Grupos que são financiados pelo governo iraniano se enfraqueceram nos últimos meses, principalmente por causa das ações de Israel. 1º de dezembro - Bashar al-Assad promete revidar Presidente sírio, Bashar al-Assad, participa de reunião do seu partido, em Damasco, no domingo (7) Sana / AFP O presidente da Síria, Bashar al-Assad, prometeu no dia 1º de dezembro que recorreria à força para eliminar "o terrorismo", após uma ofensiva relâmpago de grupos rebeldes liderados por islamistas. Neste dia, as forças militares do presidente afirmaram que as suas tropas se retiraram temporariamente de Aleppo "para preparar uma contra-ofensiva". Unidades do exército sírio reforçaram suas linhas defensivas durante a noite com armas, pessoal e equipamento adicionais, combatendo ataques de organizações terroristas. 2 de dezembro - Milícias iraquianas entram na Síria Centenas de combatentes de milícias iraquianas apoiadas pelo Irã cruzaram para a Síria para ajudar o governo de Bashar al-Assad a combater os rebeldes que tomaram Aleppo.O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR) reportou cerca de 200 milicianos do Iraque cruzaram a fronteira em picapes. O chefe das Forças de Mobilização Popular iraquiana, Faleh al-Fayyad, negou a entrada de combatentes na Síria. A rede de milícias regionais aliadas do Irã tem sido crucial para o sucesso das forças pró-governo em subjugar os rebeldes que se levantaram contra o presidente Bashar al-Assad em 2011, mantendo bases na Síria há anos. Neste dia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e seu homólogo iraniano, Masud Pezeshkian, expressaram apoio "incondicional" ao regime sírio. 5 de dezembro - Hama é tomada Depois de tomar Aleppo em uma ofensiva relâmpago, rebeldes sírios conseguiram entrar na cidade de Hama no dia 5 de dezembro. A informação foi confirmada pelo Exército sírio. A televisão Al Jazeera transmitiu o que disse serem imagens da invasão - com os rebeldes se encontrando com civis perto de uma rotatória, enquanto outros dirigiam veículos militares e ciclomotores. Rebeldes da Síria dizem ter tomado base militar do exército próximo a Hama Segundo o Exército sírio, os rebeldes entraram em Hama após intensos confrontos e a decisão de se deslocar para fora da cidade foi tomada "para preservar vidas civis e evitar combates urbanos". Em uma declaração em vídeo enviada após a invasão, o líder rebelde mais poderoso, Abu Mohammed al-Golani, pediu ao primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, que não permita que as Forças de Mobilização Popular (PMF), alinhadas ao Irã, intervenham na Síria. Localizada a 210 quilômetros a norte de Damasco, Hama é uma localidade estratégica para o governo de Assad, uma vez que controla a estrada que leva à capital Damasco. Veja como foi a tomada de Hama. Tanques posicionados após rebeldes liderados pelo HTS avançarem em Hama, em 6 de dezembro de 2024 REUTERS/Mahmoud Hasano 6 de dezembro - Avanço para Homs Nesta sexta (6), os rebeldes avançaram em direção a Homs após conquistar a cidade estratégica de Hama. Em paralelo, tiros foram ouvidos perto do palácio presidencial na capital Damasco, e a Rússia, aliada do ditador sírio, pediu que seus cidadãos deixem o país do Oriente Médio. O Hezbollah afirmou também que enviou à Síria um "pequeno número" de soldados para lutar ao lado das tropas do ditador sírio. A Jordânia, país que faz fronteira com a Síria, fechou todos os acessos ao país vizinho. A cidade foi cercada pelos rebeldes, que enfrentaram resistência. Prédios de Homs após os confrontos causados pela Guerra Civil Divulgação/Organização das Nações Unidas (ONU) Embora seja sediado no Líbano, de onde luta contra Israel, o Hezbollah também tem frentes em conflitos internacionais e vinha apoiando as forças sírias. ➡️ Os combates entre rebeldes e as forças sírias provocaram o deslocamento de 280 mil sírios desde 27 de novembro, devido ao avanço dos grupos islamistas na Síria, informou a ONU nesta sexta-feira (6), com o alerta de que o número pode chegar a 1,5 milhão. Milhares em fuga na Síria diante de avanço de extremistas 6 de dezembro - Curdos sírios tomam Deir el-Zor Paralelo ao avanço rebelde, Curdos sírios apoiados pelos Estados Unidos tomaram o controle da cidade de Deir el-Zor, no leste da Síria. A aliança entre os combatentes e os EUA, , conhecida como Forças Democráticas Sírias, assumiu a cidade, a terceira a sair do controle do presidente Bashar al-Assad em uma semana. O chefe das forças curdas declarou que está disposto a dialogar com os rebeldes islamistas, que realizam uma ofensiva relâmpago no país. Na opinião de Abdi, o rápido avanço dos rebeldes dominados pelo HTS do norte da Síria em direção ao centro traz "uma nova realidade política e militar" na Síria. 6 de dezembro - Rebeldes destroem estártua de pai de Assad Estátua de Hafez al-Assad é derrubada por manifestantes anti-governo Uma estátua de Hafez al-Assad, pai do ditador da Síria, Bashar al-Assad, foi decapitada na cidade de Hama. Hafez al-Assad foi presidente da Síria entre 1971 e 2000, ano de sua morte e quando seu filho Bashar assumiu o governo no seu lugar. Cabeça de estátua de Hafez al-Assad, ex-presidente da Síria e pai do atual presidente Bashar, é rebocada por caminhão em Hama, cidade tomada por rebeldes, em 6 de dezembro de 2024. Muhammad Haj Kadour/AFP 7 de dezembro - Cerco a Damasco Neste sábado (7), as forças rebeldes tomaram o controle de mais duas cidades: Quneitra, no Golã sírio, perto da fronteira com Israel, e Sanamayn, a cerca de 20 km do portão sul de Damasco e mais de mil soldados do exército sírio cruzaram para o Iraque. De acordo com a agência de notícias Reuters, esse número pode chegar a 2 mil. Segundo a agência Reuters, as informações vêm dos depoimentos de rebeldes, entre eles o comandante Hassan Abdul Ghany, e de um oficial sírio, que confirmou a retirada das tropas governamentais de Quneitra. Na província sulista de Suweida, próximo à fronteira com a Jordânia, a milícia drusa tomou a maioria das bases do exército, que se retirou do território. Os rebeldes afirmam ainda terem capturado a cidade de Daraa, embora o exército de Assad não reconheça a captura. 7 de dezembro - Entrada no subúrbio de Damasco Os rebeldes derrubaram mais uma estátua do pai de Bashar al-Assad em uma praça no subúrbio de Jermana, a quase dez quilômetros do centro de Damasco. O grupo também invadiu prédios do governo na área fortemente policiada da capital, onde vários ramos de segurança estão localizados. 7 de dezembro - Tomada de Homs O grupo conseguiu entrar na cidade-chave de Homs, vindos do norte e do leste da Síria. Uma testemunha disse que "dezenas de manifestantes" derrubaram a estátua na praça principal de Jaramana. A outra contou que observou que a estátua havia sido derrubada ao passar pelo local. 8 de dezembro - chegada a Damasco No domingo, as forças rebeldes chegaram aos arredores da capital Damasco e disseram não ter enfrentado resistência do Exército. Segundo relatos publicados por agências internacionais, Assad deixou a capital e tem paradeiro desconhecido. Um oficial militar disse à Reuters que o comando do Exército comunicou aos oficiais sobre a queda do regime.